Osório César foi um dos primeiros psiquiatras brasileiros interessado em estudar a arte produzida por pacientes psiquiátricos, tendo iniciado esses estudos nos anos 1920 no Hospital do Juquery. Seu nome e seus trabalhos estão quase esquecidos. Este blog procura divulgá-los.

domingo, 12 de fevereiro de 2012

Biografia de Osório César

           Osório Thaumaturgo César nasceu em 1895, em João Pessoa, Paraíba. Chegou a São Paulo com 17 anos de idade (1912), onde estudou Odontologia. Na ocasião, para se sustentar, deu aulas de violino. Começou a estudar Medicina em 1918 no Curso de Medicina ministrado junto à Escola de Farmácia, que fazia parte da então chamada Universidade de São Paulo (que não era a mesma que a atual, a qual foi fundada em 1934). Com a extinção dessa Universidade, ele transferiu-se para a Faculdade de Medicina da Praia Vermelha, no Rio de Janeiro, em 1920. Formou-se em 1925, aos trinta anos de idade, fixando-se na área de Anatomia Patológica. Antes disso, em 1923, já frequentava o Hospital do Juquery como interno. Nesse local, foi oficialmente contratado como médico, e assim permaneceu por quarenta anos.
          César lançou em 1919 o livro “Doutrinas Biológicas” (ainda quando estudante), dedicado ao estudioso argentino Ingegnieros e prefaciado pelo médico Ulysses Paranhos. Em 1922 lançou os trabalhos “A chimica da vida” e “Dois Ensaios”, sendo que, neste último, fez correlações entre reações de albuminas e funções psíquicas.
          Em 1927, em parceria com J. Penido Monteiro, escreveu “Contribuição ao Estudo do Simbolismo Mystico nos Alienados: um Caso de Demência Precoce Paranoide num Antigo Escultor”, obra essa que, segundo alguns, chegou a ser traduzida para o francês e para o alemão. Em 1929 lançou a obra “A expressão artística nos alienados: contribuição para o estudo dos symbolos na arte”.
          Nesses anos frequentou o meio intelectual paulista e círculos interessados em psicanálise.
          Nos anos 1930, César estudou em Paris e também na Alemanha, Itália e União Soviética, tendo participado de um Congresso de Psiquiatria sob a presidência de Pavlov. Na ocasião foi acompanhado por Tarsila do Amaral, então sua companheira. César teve grande afinidade pelo Marxismo, sendo que, em 1933, publicou dois livros sobre o “Estado Proletário”, um ano após retornar da União Soviética. Por isso, foi preso pelo governo de Getúlio Vargas.
          Em 1933 participou da exposição organizada por Flávio de Carvalho no Clube dos Artistas Modernos, chamada “Semana dos Loucos e das Crianças”, com a palestra intitulada “Estudo Comparativo Entre a Arte de Vanguarda e a Arte dos Alienados”.
          Em 1948 organizou a “Primeira Exposição de Arte do Hospital do Juqueri” no Museu de Arte de São Paulo, com obras dos doentes.
          Em 1949 criou a Seção de Pintura do Juqueri. Essa seção e a Associação de Assistência aos Psicopatas de São Paulo promoveram exposições na capital e no interior.
          Em 1950 apresentou sua coleção de obras em Paris, na “Exposição de Arte Psicopatológica” do Primeiro Congresso Internacional de Psiquiatria. Nessa ocasião apresentou o texto “Contribuição ao Estudo da Arte entre os Alienados”.
          Em 1952 foi convidado pela Maison National de Chareton para ir a Paris estudar Psiquiatria Social, onde ministrou a palestra “Arte em Psicopatologia” na Sociedade Médico-Psicológica.
          Osório César promovia reuniões em sua residência com músicos e pintores, quando, a partir da música, os pintores faziam certa produções. Desse ambiente participavam Walter Levy, Aldo Bonadei, Mário Zanini, Carlos Scliar, Gastão Worms, Durval Serra, entre outros. A música ouvida era principalmente de Beethoven, Prokoffief e Stravinsky.
          Em 1986, Osório César morreu em São Paulo.
Bibliografia:
Neves, A.C. – O Emergir do Corpo Neurológico. Editora Companhia Ilimitada, 2010.
Andriolo, A.A. – A Psicologia da Arte no olhar de Osório César: leituras e escritos. Psicologia, Ciência e Profissão, 23 (4): 74-81, 2003.  

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