Osório César foi um dos primeiros psiquiatras brasileiros interessado em estudar a arte produzida por pacientes psiquiátricos, tendo iniciado esses estudos nos anos 1920 no Hospital do Juquery. Seu nome e seus trabalhos estão quase esquecidos. Este blog procura divulgá-los.

sábado, 5 de maio de 2012

Capítulo 1 – Parte 3 – A Expressão Artística dos Alienados


A arte nos alienados tem sido objeto de apurados estudos por parte de alguns psiquiatras. Assim, entre os inúmeros trabalhos aparecidos de 1876 até hoje, podemos citar os seguintes (3):

Nesta referência número 3 está escrito no rodapé:
“No fim deste trabalho, na parte referente à bibliografia, daremos uma lista desenvolvida dos autores e das obras aparecidas até hoje, concernentes ao assunto”.

Continuando o texto:

Simon (4) em 1876 publicou uma curiosa análise de desenhos, pretendendo especificá-los em cada caso para chegar como meio, a um diagnóstico certo de moléstias mentais.
Lombroso (5) em 1889 reuniu as produções artísticas de 107 doentes que começaram a pintar ou esculpir depois da moléstia. Ele foi o primeiro observador que chamou a atenção para a semelhança da arte de alguns alienados com a arte primitiva e considerou, genuinamente, as obras artísticas desses alienados como uma espécie de atavismo à infância da humanidade. Lombroso observou que há doentes que mostram capacidades originais de inovação: esta originalidade, diz ele, chega às vezes à singularidade, à rareza, a qual é todavia explicável logicamente quando se aprofundam nas ideias dos doentes e se compreendem a liberdade e a largueza com que se move a sua fantasia.

Nas referências de números 4 e 5 há as citações de rodapé:
4 – L’imagination dans la folie. Étude sur lês dessins, plans, description et costumes dês alienées. Ann. med. Psychologiques, 1876.
5 – Sull’arte nei pazzi. Arch. Di Psichiatria e scienze legale, 1880.

Morselli (1) em 1894 também se preocupou com os desenhos dos alienados.
Em Portugal, Julio Dantas (2) publicou em 1900 uma interessante monografia sobre as produções artísticas do Hospício de Rilhafolles.
Rogues de Fursac (3) em 1905 reuniu em volume algumas produções artísticas de vários alienados.

Nas referências de números 1, 2 e 3 há as citações de rodapé:
(observação: o autor reiniciava a numeração das notas de rodapé a cada página)
1 – Manuale di semiotica delle malattie mentale. Milano, 1894.
2 – Pintores e Poetas de Rilhafolles. 1900. Lisboa.
3 – Les écrits et les dessins dans les maladies nerveuses et mentales, Paris, 1905.

Dos muitos trabalhos aparecidos ultimamente, mencionaremos ainda os seguintes: H. Prinzhorn, “Das bildnerische Schaffen der Geisteskranken”, publicado no Zeitschrift f. d. ges. Neurologie und Psychiatrie, Berlin, 1919. “Bildnerei der Geisteskranken”, do mesmo autor, obra notável, rica em observação, constituindo um grosso volume de 361 páginas, com muitas reproduções de desenhos em cores, pelo que representa o trabalho mais completo, neste gênero, destes últimos tempos. “Bildnerei der Gefangenen”, também do mesmo autor, trabalho recente, publicado em 1926. “Ein Geisteskranker als Kunstler”, de Morgenthaler, obra saída em 1921, na Alemanha, onde se encontra já a aplicação da psicanálise na interpretação dos trabalhos artísticos de um esquizofrênico. “L’art et la Folie” de Vinchon, publicado pela livraria Stoch, de Paris, em 1925. 

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