...continuação do
texto...
História Psiquiátrica de um Doente com Delírio Místico
Vejamos um curioso relato escrito por um outro parafrênico,
com o fim de ser publicado em todos os jornais do mundo, acerca dos
acontecimentos de sua vida.
“Prova – nova”.
“Sua Exa. Revma. D. Duarte Leopoldo e Silva. Mto. Digo.
Arcebispo da Diocese de S. Paulo anunciará ao mundo a boa nova”.
“C.V.R. filho de pais espanhóis; católicos: apostólicos
romanos. Obedientíssimo a todas decisões dos papas ou sumos pontífices de Roma,
em matéria de religião. Casou-se em Santos no ano 1904. Para casar, antes do
ato matrimonial, confessou C., e C. .,; suas culpas e pecados. Ligado o C., a
sua esposa, com ataduras que só o céu pode desatar; roga ao Céu: que lhe desse
fruto de salvação”.
“Teve 4 filhos com vida este casal. Recebendo todos o Santo
batismo da Igreja Católica em Santos e em S. Paulo. C., pouco tempo depois de
casado, entrou num estado de vida profana: sumamente pecaminoso”.
“Os seus empregos não davam tempo para assistir a atos
religiosos da Igreja Católica. Apenas batizou filhos. Em sua casa, sempre
rezou. Porém, pecou? Vida sumamente suja e imunda. Aparentemente, caráter de
Santo ou Sepulcro esbranqueado. Interiormente, C. era um poço de malícia
infernal. O C. caminhou em sua perversidade; pouco tempo depois de seu
casamento! Ano 1904: até Outubro de 1915. C., por causa de suas iniquidades;
foi açoitadíssimo pelo Céu: pelo inferno e pela morte. C., a vista dos
sofrimentos, padecimentos e perseguições; teve sempre uma coragem de Leão. Mas
sua esposa enferma, dobrou e humilhou o grande pecador C. E em Outubro de 1915,
agradou ao Céu a sua Conversão. Como se deu a conversão de C.? Ato sumamente
maravilhoso e Celeste”.
“Viajava C., em pé, na plataforma do Bonde da Penha; em
demanda do bem amado. E o carteiro C., em dado momento, ficou sozinho na
plataforma”.
“O condutor do Bonde achava-se ocupado em seu trabalho. O C.,
em voz bem inteligível, ouviu as seguintes palavras. Homem, volta-te para Deus!
; que só Deus te pode salvar!! O C. ia no bonde a procura de remédio para sua
esposa. Ouvindo o que ouviu, murmurou em si mesmo. Vou a procura de remédio
para salvar a esposa e eu sou o perdido. Sou um desgraçado, vou confessar-me.
Não procuro mais o benefício da cura de minha esposa, com a tal pessoa. Vou lá
em sua casa e digo estas palavras, faço estas perguntas e ofertas. E volta já
para casa, cheio de temor, murmurava em pensamentos; vou confessar-me. O C., crer
firmemente que Deus havia de curar sua esposa, pelo seu arrependimento. Fez o
seu exame de consciência e ao terceiro dia confessou-se com Dr. Conego Mel.
Meirelles Freire, na Igreja de São João Baptista, Braz. Desde Outubro de 1915,
data de sua conversão a 23 de Agosto de 1921, cheio da virtude Celestial que
nele reside; fez o C. diversas obras: que devem ser publicadas nos púlpitos das
igrejas Católicas. As tais obras Celestes, feitas pelas mãos de C., em união
com N. S. J. Cristo; dão claro testemunho da santidade do pecador maior do
mundo: convertido pela Sta. Bondade de Deus. A Igreja Católica, por meio de
meus confessores, não conhece tais obras da caridade: feitas sobre a
humanidade. Estão ocultas. O C. oculta-as tudo, até a presente data. D. Duarte
como chefe superior da Diocese de São Paulo, venha ao hospício. Encher-lhe-ei
seu coração de obras, para pregar nos púlpitos sagrados. C. acabou de
compreender que foi joeirado por satanás desde Outubro de 1915 a 6 de Outubro
de 1920. E desde 6 de Outubro de 1020 a 22 de maio de 1922, tirou satanás de C.,
servo de N. S. Jesus Cristo: muitas provas para a sua melhor orientação. C., o
servo de predileção Celestial; foi santificado em S. Paulo. Em 4 de Outubro de
1921, foi conduzido para o hospício Juqueri; localizado neste deserto, C., além
de muitos jejuns rigorosos, jejuou 40 dias com 40 noites sem comer nem beber coisa
alguma deste mundo: na Quaresma de 1926. Iniciou-se o jejum em 17 de fevereiro.
E terminou em 28 de Março do referido ano. Em 15 de Maio p. p. preguei um
Sermão no terceiro pavilhão do hospício, denominado Sermão da Montanha ou
Deserto”.
“D. Duarte, quero muito em breve trabalhar publicamente pela
salvação das almas, previne a S. Exma. Rvma. D. Duarte, para evitar as
dolorosas operações de satanás, que por má ventura sugeriu em espírito. Caso
frieza para não dar passos sem atenção a esta Celestial obra. Lembre-se que é
satanás inimigo das almas, infundindo falta de animo; para não obrar”.
“Importa que S. Rvma levante-se de sua cadeira apressado e dê
passos para conduzir o C., para São Paulo. Do Servo Amantíssimo de NSJ Cristo,
por santos trabalhos de ordem Celestial. S. Sta. Benção. Em nome de Padré,
Filho, Espírito Santo. Amen”.
“Juquery 23 de Outubro de 1927”. “ C.V.R.”
“3º Pavilhão do Hospício”
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